18 de jun. de 2008

Teatro para o dia das mães


UM SORRISO EM CADA CORAÇÃO

WILSON R. VICENTE


MATERIAL NECESSÁRIO:

Cinco fantasias imitando as flores que as crianças representarão; um carrinho de mão, de madeira.
Vitório, o personagem que conduz a ação, veste-se bem. !Sua camisa branca de mangas compridas mostra a sua elegância. O cenário principal é um grande livro (mais de 2 metros de altura) de onde saem as cinco per­sonagens-flores.


Vitório: Hoje é um belo domin­go. O melhor domingo para, mim, e para todos os filhos que podem homenagear a sua mãe. Este livro que vocês estão vendo é para homenagear as mães e algumas surpresas ele vai revelar.


Vitório, com cuidado, abre o livro, demonstrando uma certa surpresa e despertando curiosidade na plateia. Fundo musical. Ao abrir o livro to­talmente, saem as personagens-flores devidamente caracterizadas.


Vitório: Que surpresa! De onde vêm essas belíssimas flores?
Silvana: Você deveria perguntar para o que viemos!
Vitório: Se este é o livro que home­nageia as mães, vocês só podem ter vindo prestar uma homenagem.
Silvana: Que pena! Pensei que nin­guém soubesse.
Valéria: (interrompendo) Podemos nos apresentar?
Vitório: Fazer um show ? Um grande espetáculo?
Margarete: Também! Valéria: Os nossos nomes.
Vitório: Claro! Eu sou Vitório e dono deste livro. Comprei-o numa grande livraria e quero dedicá-lo à minha mãe.
Valéria: Eu sou uma violeta com o nome de Valéria.
Silvana: Sou a rosa Silvana, e tenho muitas cores, das mais variadas tonalidades. Por motivo histórico, estou intimamente ligada a esta data.
Elaine: Sou a camélia Elaine. Meu perfume é o preferido por muitas mães, e minhas pétalas são alvas e sou muito rara.
Margarete: Sou a margarida Mar­garete. Sempre nos mesmos tons, posso aparentar um sol ao centro com seus raios luminosos em várias direções.
Flávia: E eu sou a hortênsia Flávia.
Vitório: Uma maravilha ter vocês nesta festa grandiosa.
Valéria: Você me parece gostar de grandes eventos, grandes shows.
Vitório: Sem dúvida. Uma pessoa bem-nascida como eu, privilegiada pela mãe que possui, só pode sonhar e desejar grandes coisas.
Elaine: Concordo com suas opiniões, mas devemos nos preocupar com coisas essenciais e deixar as secundárias em seus devidos lugares.
Vitório: Mas tudo é essencial. Tudo é belo.
Flávia: Tudo é belo porque você é privilegiado. Tudo é sempre belo quando estamos bem, mas não pode mos deixar de ver o que não é belo e quem, principalmente, não está bem.
Vitório: Hoje, um dia tão especial, não é para isso. Talvez um dia eu venha a pensar...
Valéria: (interrompendo) Pensar hoje é melhor. Hoje é que temos a oportunidade de refletir.
Vitório: Hoje é um dia tão belo e vocês querem estragá-lo.
Margarete: Estragá-lo? Como pode dizer isso? Estamos aqui para homenagens e também, como disse a camélia Elaine, para tratar de coisas muito importantes, nada de futilidades.
Silvana: Não fique preocupado, viemos apenas para alegrar este dia, mas com responsabilidade.
Vitório: Sei que estão bonitas, dão um colorido à festa, mas o que têm de íntimo com os filhos que querem cumprimentar suas mães?
Flávia: O mais importante você não viu, mas sempre é tempo!
Valéria: Somos filhas de uma mãe especial: a mãe natureza! O dom maior de Deus. Somos sementes que não se perderam. Somos hoje a esperança do ontem.
Margarete: A grande mãe natureza está abençoando todas as mães que nela convivem, de uma maneira muito própria, que repele o individualismo e o egoísmo.
Vitório: Estou compreendendo. Estou aprendendo com vocês. E eu que sempre acho que sei tudo e estou sempre na frente dos outros...
Flávia: Preparamos um bale de flores para colorir esta festa de carinho e expressão de vozes sinceras que desejam que todos os dias sejam, de verdade, de todas as mães.
Apresentação de um número de balé que poderá ser executado pêlos que interpretam as personagens ou por um outro grupo caracterizado, composto por mais pessoas. Depois do número, está no palco o personagem Tico, um catador de sucatas, mal vestido, puxando um carrinho de porte médio, feito de madeira.
Vitório: O que faz aqui este garoto? Ele saiu do livro, também?
Margarete: Espere. Não seja apressado.
Silvana: Aproxime-se, garoto. Venha para cá.
Vitório: Acho melhor ele ir embora. Depois...
Elaine: Agora. Por que tudo precisa ficar para depois?
Vitório: Estava tudo tão bonito... Valéria: Pode ficar melhor ainda.
Tico aproxima-se dos demais, deixando seu carrinho de lado.
Tico: Eu sou Tico, um catador de sucatas.
Vitório: E você trabalha em pleno domingo?
Tico: Domingo é o melhor dia para o meu trabalho.
Elaine: E você sabe que hoje é um domingo especial?
Tico: Especial? Para quem? Por quê?
Todos os dias são iguais.
Valéria: É que hoje é o Dia das Mães.
Tico: De quem tem. Eu vi nos cartazes da cidade e nos aparelhos de tevê das lojas grandes. Mas eu não tenho. Tive. Lembro-me pouco dela.
Margarete: A partir de hoje, então, você tem a todas nós, que somos filhas da natureza, e também o Vitório, ele pode ser seu amigo.
Tico: Obrigado. Mas agora que vocês falaram em mãe, eu bem que gostaria de ter uma, de ter a minha pelo menos um dia no ano.
Vitório: Você se lembra dela?
Enquanto Tico fala, aparece no alto uma mãe envolta em véus brancos, sorrindo, feliz, na frente de uma estrela. Fundo musical. E as personagens-flores ficam espalhadas pelo palco. Vitório senta-se no chão de costas para a platéia, observando a cena.
Tico: Eu me lembro pouco. Ela se foi quando eu era bem pequeno. Mas hoje ela é para mim uma estrela que brilha no céu todas as noites. Seu sorriso é constante. Se ela está no céu, está perto de Deus, feliz e me protegendo, porque estou vivo.
Elaine: Eu vejo as mulheres que passam em grupos em direção à missa. Estão velhinhas, mas têm um lar e muita fé. Têm seus filhos e netos.
Margarete: Eu vejo as mães que foram para os asilos. E hoje esperam por seus filhos.
Flávia: Eu vejo as mães que trabalham fora de casa e estão realizadas em suas tarefas: advogam, secretariam, exercem o professorado, dividem suas tarefas com os esposos e amam sempre mais seus filhos.
Valéria: Eu vejo todas as mães do mundo, em todas as regiões, e aquelas que, numa guerra interminável, perdem os filhos nos combates.
Silvana: Eu vejo as mães que querem tudo o que há de melhor para seus filhos e para a humanidade. As mulheres de ferro e de alma, de amor e fraternidade, que possuem um sorriso no coração.
Tico: Com certeza, uma estrela vai brilhar mais forte neste domingo.
Vitório: A estrela onde está sua mãe? (Pergunta para Tico.).
Tico: Não. Estou pensando na estrela que deve ser a sua mãe. Porque você tem o privilégio de poder tocá-la, abraçá-la, dizer tudo o que você deseja. Não precisa imaginar o seu sorriso. Você pode até mesmo tocar o sorriso dela.
Vitório: (caminhando em direção a Tico) Tico, obrigado por você ter vindo, eu gostaria que você fosse meu irmão e tivéssemos a mesma mãe.
Tico: Eu estava passando e não faço parte desta festa. Eu vi este livro tão grande e pensei que ninguém fosse querê-lo, porque muitas pessoas compram papel por quilo e isso dá um bom dinheiro.
Vitório: Fique com a gente, Tico.
Tico: Preciso ir. A minha história você já sabe. Viva a sua com sua mãe e aproveite bastante. Viva a sua história com um sorriso no coração, mas não se esqueça de que existem muitas histórias na vida, às vezes, bastante tristes.
Elaine: Você não está triste? (Pergunta para Tico.).
Tico: Não. Estou como as flores que têm uma função no mundo, e que hoje estão embelezando o Dia das Mães. A minha estrela no céu estará florida também. Adeus para todos vocês.
Tico se despede de todos e deixa o palco.
Vitório: Aprendi muito hoje e sei o verdadeiro valor de ter uma mãe. Mais ainda do que eu sabia. Estou me sentindo mais humano e quero, num grande abraço, transmitir isso à minha mãe.
Elaine: E assim que se faz. E faça sempre no momento presente, não deixando para amanhã.
Margarete: Até um dia, Vitório. Flávia: Até breve.
Valéria: Um grande beijo em sua mãe.
Vitório: Mas vocês não querem ficar para a festa?
Silvana: Temos de ir, porque hoje estaremos ornamentando uma estrela muito especial. Uma estrela que é um sonho.
Vitório: (as flores entram no livro) Esperem, vou com vocês!
As luzes se apagam e um foco ilumina em seguida a estrela onde está a mãe de Tico, rodeada pelas personagens-flores, por Vitório e Tico, que acenam para a platéia, cantando uma música com o tema do dia.

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